1. Características da Alimentação Natural e Integral

 

1.1. Alimentação Natural e Integral

 

Alimentação Natural é aquela que tanto mantém a qualidade dos elementos nutritivos quanto conserva as proporções adequadas na forma que nos oferece a natureza.

O feijão mulatinho, o leite, a sopa, as hortaliças, as frutas, o milho, a coalhada, etc., são alimentos naturais. Já o acarajé (se feito usando-se sal marinho), o açúcar mascavo, o pão integral e o (molho) Shoyo são exemplos de alimentos integrais.

Então alimentos integrais são aqueles que apesar de sofrerem algum tipo de processamento continuam mantendo as características nutritivas num patamar semelhante ou proporcional àquele do material do qual derivaram.

Assim, o sal marinho é fruto da simples evaporação de água do mar. Não é submetido a processo de refinamento tal qual é o sal refinado que comumente encontramos nos supermercados de forma a que outras são diferentes do cloreto de sódio sejam extraídos. É, portanto, um produto por inteiro… integral. Da mesma forma, o pão integral, apesar de passar por uma série de processamentos, mantém suas características proporcionais àquelas que são encontradas na farinha de trigo integral. Esta farinha integral é o resultado do trituramento completo do grão do trigo, diferentemente da farinha de trigo branca ou refinada, pois antes do trituramento para obtê-la, retira-se o germén do trigo, e o farelo do trigo.

Por outro lado, o arroz comumente encontrado nos armazéns e supermercados, denominado pelos adeptos da alimentação natural-integral de arroz branco, não é um produto integral. O arroz natural, após seco ao sol e retirada a sua casca, é submetido a um processo de “lixamento” sendo extraída então a grande parte das vitaminas B1, B2, PP, B6, H, Caroteno e ácido pantotênico que o compõem. Resta então um produto alterado que é constituído basicamente de amido e uma proporção reduzida de vitaminas e, portanto, com cor esbranquiçada.

 

1.2. Nós somos o que comemos

 

Segundo Lezaeta, o nosso corpo é da qualidade dos alimentos que o formam e o mantém. Assim a escolha de alimentos naturais e integrais é um dos melhores passos para que tenhamos um corpo saudável, gozando do equilíbrio desejável para o desempenho das funções que escolhemos ou que nos cabem. O indivíduo que se alimenta de gorduras, carboidratos e proteínas na quantidade que se faz necessário para suprir as energias que seu corpo precisa, fornecendo as vitaminas e sais minerais necessários para que ocorra a dinamização que o seu processo metabólico requer, tenderá a desfrutar de bom equilíbrio psíquico/emocional. Já outro indivíduo que se alimente com uma quantidade desejável de gorduras, carboidratos e proteínas, porém estando os seus alimentos desfalcados na proporção de vitaminas e sais minerais adequados para que o metabolismo dos nutrientes se dê não tenderá a desfrutar de boa saúde tal qual o primeiro.

 

1.3. Devemos Evitar Alimentos Adulterados

As transformações dos alimentos visando uma forma que melhor conserve e o apresente ao consumidor tem sido efetuadas desde os primórdios da humanidade. Desenvolveram-se diversos tipos de processamento de alimentos e muitos têm propiciado uma melhor utilização do seu potencial. Tem-se, porém, desenvolvido alguns processos os quais, embora tenham propiciado uma larga comercialização dos alimentos obtidos, devido principalmente a uma garantia de maior conservação, tem direcionado a humanidade ao desenvolvimento de hábitos de consumo inteiramente questionáveis quanto ao aspecto nutricional.

Até fins do século 19, o homem utilizava os cereais integrais. Estes, após secos para a retirada de água e da casca, eram submetidos integralmente à moagem para fabricação das mais diversas farinhas integrais (de trigo, milho, soja, araruta, etc…). No início do século XX começam a surgir as grandes máquinas beneficiadoras de cereais e passa-se a retirar a película protetora destes situada entre a zona central rica em amidos e a casca. Com esta nova prática, passa-se a ser retirado cerca de 80% do fósforo e vitamina B contidos no cereal integral, como pode-se ver na tabela abaixo.

Paralelamente ao advento desta prática começam a ocorrer grandes epidemias sem que se saibam as causas. Tempos depois se descobre que uma destas epidemias era provocada pela carência de vitaminas do complexo B – a qual se deu o nome de Beriberi – resultante, principalmente, destes 80% de vitaminas contidas na película protetora dos cereais que passou a ser retirada para podermos comer uma farinha mais clara. Existe um fator que não pode ser deixado de lado, pois apesar da farinha de trigo branca ser menos nutritiva ela pode ser armazenada por um espaço de tempo maior que a farinha de trigo integral. (Farinha de Trigo Integral: 4 meses; Farinha de Trigo Branca: 4 a 6 meses).

Um outro exemplo de processamento dos mais utilizados é o do açúcar branco. Inicia-se com a moagem da cana de açúcar. O liquido obtido é submetido a uma clarificação para retirar bagacilhos e substâncias insolúveis. Depois de clarificado, o caldo é levado aos evaporadores, havendo uma retirada de água através de fervura até que este atinja constância de melaço; Daí, o melaço é levado aos cristalizadores onde, com o abaixamento brusco de temperatura, há uma formação dos cristais de sacarose em torno de núcleos de aço. Os núcleos com os cristais são retirados dos cristalizadores sendo submetidos à secagem e tratamentos outros até obter-se o açúcar branco. Ocorre que no caldo de cana de açúcar não só existe a sacarose, mas também vitaminas e sais minerais, especialmente de ferrro e cálcio. Quando no processo de fabricação do açúcar branco os outros nutrientes que não a sacarose são perdidos e o resultado é um produto refinado e pobre de variedades.

Já no processo de fabricação do açúcar mascavo, também chamado de açúcar integral, o caldo, após ser concentrado por evaporação, transforma-se num xarope grosso que ao ser resfriado solidifica-se por completo resultando num açúcar cor de caramelo. O açúcar integral é uma mistura completa de todos os constituintes contidos no caldo, inclusive os sais minerais. É indicado para indivíduos que sofrem de anemia ferropriva. Melhor ainda para a carência de ferro no sangue é o melaço (caldo de cana menos concentrado ao ponto de continuar líquido ao resfriar-se).

Segundo Margot Shalders, o uso continuado de açúcar branco refinado enfraquece o pâncreas, quebra o metabolismo do cálcio, cria desequilíbrio no sistema nervoso e cria hipoglicemia ou diabetes.

Foram citados dois exemplos apenas de adulteração. No entanto, convictamente podemos generalizar ao afirmar que os alimentos conhecidos como alimentos brancos (sal refinado, derivados da farinha de trigo branca, arroz branco, etc…) apresentam uma dada carência de nutrientes de forma que ao serem utilizados constantemente tenderão a formar corpos enfraquecidos que não gozarão da mesma saúde caso fossem alimentados com alimentos integrais a menos que haja uma grande compensação tal qual levarem uma vida atlética e alimentarem-se com muitas frutas ou verduras, especialmente cruas.

Nos últimos anos generalizou-se uma tendência de produção de farinhas e fontes de fibras diversas (farinhas de linhaça, de soja, de gergelim, etc.) que misturadas aos alimentos refinados ou brancos recompõem, de uma certa forma, parte dos elementos nutritivos perdidos nos processos de obtenção e que são fundamentais no processo de transformações de carboidratos, proteínas e gorduras restantes em unidades mais simples de serem aproveitadas pelo nosso organismo.

Segundo Schneider, “antigamente, os povos da terra alimentaram-se de modos muito diversos. A base da alimentação era para uns o arroz, outros o milho, e os cereais panificáveis. A necessidade de carne satisfazia-se mediante a pesca, a caça, ou na maioria dos casos, mediante a criação de gado. Nos países tropicais, consumiam-se, sobretudo, gorduras vegetais, e nos países temperados e árticos, quase unicamente gorduras animais. O consumo de vegetais e de frutas dependia da região e da estação do ano em que se vivia. Mas, por muito diferentes que sejam as formas de nutrição dos povos, todas deram bons resultados, porque quase sempre conservavam a forma natural do alimento e era reduzida a proporção de alimentos animais”.

Com o desenvolvimento da técnica, que indubitavelmente proporcionou grandes adiantamentos, houve diversas alterações no domínio da alimentação que modificaram o espírito da concepção alimentícia com uma base natural até então inexistentes. Criaram-se novos hábitos de consumo muitos dos quais levaram a que diversas modalidades de distúrbios físico/ecológicos até então pouco significativamente existentes passassem a fazer parte do dia a dia do ser humano.

 

1.4 – Ações que Influem na Perda de Vitalidade

 

1.4.1 – Substituição de Alimentos Crus por Cozidos

 

Segundo pesquisas científicas, é comprovado que a substituição de alimentos crus ou frescos por alimentos cozidos pode provocar sérios distúrbios a nível orgânico. Mac Carrisson modificou a forma de alimentar a macacos a passar a cozinhar a mesma comida que estes eram servidos. O resultado foi uma redução na atividade das glândulas de secreção interna, o aparecimento de úlcera do estômago ou intestino, a inflamação do intestino grosso e por último a caquexia e a morte.

Esta e outras evidências experimentais nos mostraram a importância do uso de alimentos crus como parte da nossa alimentação. Entretanto, não podemos com isso abdicar do uso da panela e da cocção vez que a mesma facilita ao intestino a absorção dos alimentos e corta-llhe assim parte dos seu trabalho (quando não é a única solução para nos possibilitar a digestão de certos alimentos). O fato importante é encontrarmos um meio termo. Podemos citar a opinião de Bitcher-Benner que recomenda uma dieta de pelo menos 50% de alimentos crus, completos (cereais integrais, verduras não aferventadas e com cascas) e sem excesso de proteínas.

 

1.4.2 – Excesso de Proteínas Animais

 

São conhecidos dois argumentos básicos que sustentam a tese da desfavorabilidade em alimentar-se de proteínas de origem animal.

O primeiro deles é de ordem ecológicca e baseia-se no fato de que na área necessária para um boi, por exemplo, poderiam ser produzidos alimentos de origem vegetal para alimentar 10 pessoas. Ora, sabendo que a população cresce  em proporção geométrica enquanto que os alimentos crescem em proporção aritmética (Maltus) é lógico raciocinarmos que teremos dificuldades em um espaço de tempo bem mais próximo para alimentar a população do nosso planeta caso não trabalhemos no sentido de modificarmos o hábito de comermos carne. Cada ser humano que deixar de ser carnívoro estará contribuindo para que exista lugar no planeta para abrigar mais até 10 pessoas.

O segundo argumento vem de uma base espiritualista. Joe Shalders e diversas correntes do pensamento espiritualista sustentam a tese que o homem ao afastar-se do hábito de alimentar-se de carne dá um grande passo no processo de crescimento espiritual, pois avança no sentido de libertar-se das vibrações, impulsos e paixões animais melhorando o padrão da sua vibração interna.

Lezalta afirma que o homem não possue dentes afiados e cortantes, características para um ser carnívoro. A sua dentição, segundo o mesmo, não é apropriada para rasgar a carne tal qual como é para a onça ou um leão. Possui também um intestino longo, impróprio para o processo de digestão das carnes diferentemente do intestino de animais carnívoros, que é curto.

Existe ainda um outro fator relacionado à presença de substâncias excitantes tal qual a adrenalina no sangue contido nas carnes, principalmente vermelhas,de animais abatidos para consumo. A adrenalina é uma substância que o organismo produz e que é injetada no sangue rapidamente quando nos encontramos em situações que nos provocam medo, pavor ou necessidade de uma resposta imediata para modificarmos a situação em que nos encontramos. Uma pessoa aparece repentinamente e embora sobressaltado nós esboçamos em questão de centésimos de segundo uma posição de defesa que normalmente levaríamos segundos. É a adrenalina que promove esta reação. Ocorre que ao nos alimentarmos como o boi, por exemplo, que ao ser abatido foi submetido a uma situação de stress estaremos ingerindo adrenalina e, portanto, contribuindo para que nosso organismo esteja sujeito a um fator de excitação.

Por estas razões, apesar das carnes não serem alimentos artificiais, recomenda-se obter os aminoácidos (unidades formadoras das proteínas), especialmente aqueles chamados de essenciais (um total de nove ou treze), através dos vegetais. Destacam-se entre estes a soja e seus derivados e as sementes de oleoginosas tais quais as nozes e castanhas que possuam todos os aminoácidos essenciais.

Necessitamos de uma média de 0,8 gramas de proteínas por quilo de peso corporal.

 

1.4.3 – Excesso de Gorduras Animais

 

A necessidade diária de um adulto é de 50 a 80g de gordura. Esta pode ser adquirida sob variadas formas. De uma forma geral podemos classificá-las em 2 grupos: a – As gorduras saturadas – Geralmente sólidas ou pastosas (manteiga, toucinho, outras gorduras animais e margarinas) são de difícil digestibilidade sendo fáceis de serem atacadas e transformadas pelos sucos digestivos. b – As gorduras insaturadas – Em sua grande maioria líquidas, são mais facilmente absorvidas pelo organismo humano possuindo diversas delas propriedades nutricionais importantes. Geralmente os óleos vegetais (soja, algodão, milho, linhaça, etc.) fluidos são insaturados.

É importante atentar para o processo de refinação de óleos vegetais, pois neste retiram-se os aromas através de vapor da água, o óleo é branqueado com descorantes e desacidificado com lixívia de soda, obtendo-se assim óleos refinados de cor clara, insípidos e desnaturalizados.

Sabe-se que tanto as substancias vegetais aromáticas como os pigmentos vegetais cumprem importantes e insubstituíveis funções biológicas. A lecitina de soja, por exemplo, é uma das substancias orgânicas perdidas no processo de refinação. Trata-se esta de um fosfátidio de importante função nutritiva e necessário para a digestão das gorduras. Assim todas as gorduras concesfontes, de origem animal e vegetal (por exemplo a carne e a manteiga), devem limitar-se a favor das gorduras líquidas.